O soldado da Polícia Militar, de 29 anos, que atirou contra um jovem, de 22 anos, na madrugada deste domingo, disse que agiu em legítima defesa, segundo informou o delegado responsável pelo caso, Vivalde Levilesse. O policial foi ouvido e liberado. A vítima passou por cirurgia e perdeu parte do osso da cabeça, segundo informou a esposa, Polyana Stefane.
De acordo com o delegado, o depoimento do soldado durou cerca de uma hora e meia. Ele se apresentou espontaneamente com a presença do advogado e, em depoimento, apresentou a versão dos fatos.
“Ele disse que mora no primeiro andar de um prédio em frente à Praça [São Sebastião] e ouviu uma confusão. Quando chegou na janela, viu uma pessoa de capacete falando ‘passa o celular’; ele se identificou como policial e a pessoa de capacete foi em direção a janela e levou a mão na cintura. Temendo ser alvejado, realizou dois disparos”, informou o delegado.
Após os disparos, o soldado contou ao delegado que desceu, pediu que as testemunhas acionassem o socorro e saiu. “Ele [soldado] não informou para onde foi após ter efetuado os disparos. Como ele se apresentou espontaneamente e não estava mais em situação de flagrante, ele foi ouvido e liberado”.
Levilesse ainda informou que a arma do militar não foi apreendida e testemunhas serão ouvidas durante a semana. Imagens do circuito de segurança da região onde aconteceu o crime estão sendo solicitadas. “Por ele ter, a princípio, agido em legítima defesa e continua trabalhando, não achamos necessidade da apreensão, mas se no decorrer das investigações acharmos necessário, a Polícia Civil pode pedir a apreensão da arma”, finalizou.
Pró-Apoio
O G1 entrou em contato com o tenente coronel Marcelo Augusto, comandante do 23º Batalhão, no qual o soldado é lotado. O comandante informou que o militar, que está há quatro anos na ativa, foi acolhido no Programa de Acompanhamento e Apoio aos Militares (Pró-Apoio).
“Ele passará por avaliação médica e psicológica nos próximos dias para saber se tem condições de voltar a rotina. É um bom policial e nunca tivemos nenhum problema com ele. Em qualquer ação que não faz parte da rotina, os militares são acolhidos no Pró-Apoio. O policial, mesmo em um momento de descanso, tem obrigação de agir”, explicou.
A esposa do jovem baleado, Polyana Stefane, disse ao MGTV que o marido tem o hábito de passar pelo local e encontrou alguns amigos e resolveu parar.
“As pessoas falaram que quando ele parou veio gente para assaltar, ele reagiu e tentou fugir na motocicleta quando foi atingido pelos tiros. O policial atirou sem saber quem era e ele era a vítima. Ele é um pai de família. O militar agiu muito errado. Eu só quero justiça e sei que a justiça divina não vai falhar”.
Polyana ainda contou que familiares do militar entraram em contato e disse que ele estava passando por um momento difícil e que estaria com depressão. “Como uma pessoa neste estado usa farda e anda armado então? Não foi certo o que ele fez. As pessoas contaram que ele desceu em prantos pedindo para acionar o socorro porque tinha pegado era a vítima”, desabafou.
Segundo Polyana, o marido passou por cirurgia e perdeu parte do osso do crânio. Ele estava entubado e hoje (segunda) eu fui no CTI e ele abriu os olhos, mas está muito confuso e é grave o estado de saúde. Temos uma filha de um ano e nove meses que está sentindo a falta dele”.
O G1 entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital São João de Deus que informou que, por medida de segurança, não vai informar o estado de saúde do paciente.
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