A região das Guianas é cenário de uma série de desafios logísticos, econômicos, culturais e políticos e nem fronteiras estabelecidas há séculos apagaram costumes que ligam povos de distintos territórios . É o que constatou duas alunas e um professor de mestrado do curso de relações internacionais da Universidade Federal do Amapá (Unifap). O trio realizou uma expedição de 25 dias por cinco países.
De acordo com o professor Gutemberg de Vilhena, o grupo percorreu no total 33 cidades localizadas no Brasil, Guiana Francesa, Suriname, República Cooperativa da Guiana e Venezuela. O resultado dos estudos, que compõem o projeto "Expedição Transfronteiriça", foi o registro de uma diversidade étnica e cultural que interagem nas fronteiras, informou.
A equipe, que também é composta pelas mestrandas Clícia Di Miceli e Brenda Farias, encerrou o processo no sábado (23), quando retornou para Macapá.
“Foram diversas situações que vivenciamos durante as viagens é que nossos países vizinhos têm uma diversidade fantástica de cultura que poucos conhecemos. Além dos nativos, há muita influência de outros povos, como chineses, indianos, árabes, javaneses, israelenses, entre outros. Este caldo de etnias fundou a base geral da composição étnica das Guianas”, salienta Gutemberg.
Os expedicionários da missão universitária se depararam com uma série de desafios inerentes à região, como a barreira das línguas, trato relacional com culturas tão diferentes e de matrizes religiosas variadas e as dificuldades com transporte para cruzar as fronteiras. Mas o professor ressalta que tudo contribuiu para o andamento dos estudos.
“Seja nas mais porosas, como Oiapoque, entre Brasil e Guiana Francesa e Maroni, entre Guiana Francesa e Suriname, ou na de pouco cruzamento, entre elas Corantyne, entre Surinamee República da Guiana, ou mesmo nas que a circulação pela ponte, por exemlo Tacutu, que fica entre República da Guiana e Brasil ou na linha seca de Brasil e Venezuela, essas situações e convergências se destacaram no fechamento deste ciclo”, enfatizou.
Além da cultura, a expedição destacou ainda a história e economia das regiões, com destaque para a Observamos a dinâmica das embarcações e a movimentação das pessoas nas cidades ribeirinhas.
Outro ponto observado foi a região da rodovia Leste-Oeste da república da Guiana em que todo o caminho até Georgetown é repleto de pequenos núcleos urbanos misturadas com plantações de arroz e cana de açúcar, principais atividades econômicas do país.
“A presença de indianos nessa área de fronteira é predominante com raízes históricas das diversas imigrações pelas quais o país passou. A fabricação de arroz também é o principal produto da economia do leste da Guiana e um dos mais importantes da pauta de exportação do país”, destacou Gutemberg.
A cidade de Lethem, também na República da Guiana abriga um memorial aos mortos da Primeira e Segunda Guerra Mundial, destacou o professor, que também recorda da cidade de Georgetown fundada em 1781. “É interessante notar a grande preponderância da arquitetura vitoriana no centro histórico da cidade”.
Durante a viagem, professor e alunas puderam assistir uma apresentação de Steel Pan, um instrumento musical característico da região do Caribe, assim como tiveram contato com diversos outros ritmos de forte expressão, como a música javanesa e indiana tão presente nas Guianas.
Gutemberg informa que todo o material será usado na produção de documentários que buscam a interação sobre a a vida dos povos nas regiões de fronteiras, incluindo brasileiros, a música e as interações entre os países. A previsão é que o material seja disponibilizado até o fim do primeiro semestre de 2018.
“A ideia é poder divulgar e interagir com pesquisadores e promover essa diplomacia para entender um pouco melhor a vida na Guianas e o Norte da América do Sul”, reforçou.
Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o VC no G1 AP ou por Whatsapp, nos números (96) 99178-9663 e 99115-6081.
0 comentários:
Postar um comentário